Marcelo Álvaro Antônio foi indiciado por crime eleitoral e associação criminosa; em nota, ele negou irregularidades, disse que ainda não foi notificado e que vai provar inocência.
A Polícia Federal indiciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas no inquérito sobre o uso de candidaturas-laranja no PSL em Minas Gerais. Ele foi indiciado por crime eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de associação criminosa.
Marcelo é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de mulheres na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral no estado. Segundo inquérito, ele "era e ainda é o 'dono' do PSL mineiro". À época dos crimes apontados, Marcelo era o presidente estadual do PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro.
A suspeita é que o partido inscreveu essas candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato, eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que pelo menos 30% dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.
A PF afirma que o então presidente do PSL em Minas "possuía o total domínio do fato, controle pleno da situação, com poder de decidir a continuidade ou interrupção do repasse de recursos do fundo partidário".
Em nota, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, afirmou que ainda ainda não foi notificado, mas que confia na Justiça e que sua inocência será comprovada. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade na campanha eleitoral de 2018 (veja a nota na íntegra no final desta reportagem).
O G1 tenta contato com o PSL em Belo Horizonte. O PSL nacional disse que não comentar o caso.
Consultada sobre o indiciamento, a Presidência da República disse que não iria comentar. Ao blog de Valdo Cruz, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro vai manter o ministro no cargo . “O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, disse".
Veja a lista de indiciados:
- Marcelo Álvaro Antônio - ministro
- Camila Fernandes - suspeita de ser candidata-laranja
- Debora Gomes - suspeita de ser candidata-laranja
- Haissander de Paula - ex-assessor do ministro quando ele era deputado federal, preso em junho deste ano
- Irineu Inacio da Silva - deputado estadual em Minas pelo PSL - conhecido como Professor Irineu
- Lilian Bernardino - suspeita de ser candidata-laranja
- Marcelo Raid Soares - dono de duas empresas gráficas em Belo Horizonte
- Mateus Von Rondon - assessor especial do ministro, preso em junho deste ano
- Naftali Tamar - suspeita de ser candidata-laranja
- Reginaldo Donizeti Soares - irmão de Roberto Silva Soares, sócio de duas empresas que prestaram serviço eleitorais às candidatas investigadas
- Roberto Silva Soares - Assessor do ministro e coordenador de campanha de Camila, Débora e Naftali, preso em em junho deste ano
O indiciamento faz parte da conclusão do inquérito da Polícia Federal. O inquérito foi entregue ao Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais - órgão dentro do Ministério Público de Minas Gerais -, nesta quinta-feira (3). Agora, cabe ao MPE decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça.
O indiciamento das 10 pessoas, excluindo o ministro, já havia sido feito pela PF em junho deste ano. O processo está em segredo de Justiça.
Duas ações da PF já foram deflagradas para investigar o caso. Em abril, a primeira fase da operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em cinco cidades de MG, incluindo a sede da legenda em Belo Horizonte . A segunda fase aconteceu em junho e cumpriu três mandados de prisão, tendo como alvo principal o assessor especial de Álvaro Antônio, Mateus Von Rondon.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), a advogada Fernanda Lage Martins da Costa, que defende as quatro mulheres suspeitas, já entrou com um pedido de habeas corpus no tribunal, que ainda não foi julgado. A advogada disse que não teve acesso ao processo e só vai se pronunciar depois de tomar conhecimento dos fatos.
O G1 procurou o deputado estadual Professor Irineu e aguarda retorno. O G1 tenta contato com os demais indiciados.
Candidaturas-laranja no PSL
A ex-candidata a deputada federal Adriana Moreira Borges disse ao Ministério Público Eleitoral também ter recebido uma proposta de um assessor de Álvaro Antônio para repassar R$ 90 mil dos R$ 100 mil que receberia para fazer a campanha em 2018.
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